Os berros das ovelhas
de tão articulados
quebram os motivos.
Um lençol de silêncio
cobre a tudo
e todos.
Passam os homens velhos
(estranha caligrafia de rostos)
mulheres vestidas igual cebolas.
...os meninos distraídos
chacoalhamos os sons
do pequeno império.
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Sobre o chão das ruas não circulam bicicletas
nem o girar de rodas mecânicas ameaça
a manhã oblíqua.
Os pressentimentos crescem rente aos ossos
os medos ganham o correr dos muros
junto aos amigos.
Eu imagino (por livre imaginar)
que numa das casas próximas
banhada em sol
mora um fabricante de bonecas.
Concebo o homem e suas criaturas
a desfiarem intimidades
no fim da tarde.
Bonecas tocadas em nudez de porcelana.
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(In Poeira, editora 34, SP, 2001)
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