Confesso a deus
o tanto que é de mim porque sou todos
porque sou mais do que a mim mesmo
e tenho comigo o peso histórico

mastigando impossíveis palavras e -
antes das palavras -
a nossa desesperança
maior que a ansiedade
e em cada verso ( antes da poesia )
a nossa vida
e bem antes da nossa vida
a nossa morte
no trato do dia
que ostenta em casebres a herança vazia
amanhando os beirais dessas casas caiadas
arranhando esse escuro das gentes raiadas
In: Das Razões Inquietas, Imprensa Oficial de Minas Gerais: Belo Horizonte, 1988, p. 52
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