segunda-feira, 28 de maio de 2012

Maria José de Queiroz


O CANTO DO CISNE
Não, o cisne não canta
ao aviso da morte.
Nenhuma voz anima.
o seu último silêncio
na solidão das águas.
No bico secreto,
com timbre preciso,
o peixe ágil,
o lodo, o verme.
No momento inacessível
em que os juncos adormecem, o seu pescoço se alonga
à procura de outra forma.
É o cisne o seu próprio canto no risco definitivo
do corpo sem metáfora.

In: Resgate do Real: Amor e Morte, Coimbra Ed. Ltda: Belo Horizonte, 1978, p. 68

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