quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Carminha Gouthier

ATÉ O VALE SEM CREPÚSCULO
Atrás de fontes, água corrente,
água de nuvem,
caminhei.

Na hora mais nítida
pelas searas levei
olhos de espera
cestos vazios.

Já anoitece.
Volto chorando.

Nos ombros, o manto que se rasgou.
Nas mãos, o que pude salvar:
- a Carta do meu País,
a flor da magnólia,
estes versos de Amor.

Mendigo ainda.

Não mais o poço que foi encontrado
e dá mais sede.

Não mais o pão que os Anjos trazem,
cozido em cinzas,
para a viagem.

Além de mim,
além do hoje,

caminharei,

até a Fonte prometida
à estrangeira,
na pausa de Sicar.

Até o vale sem crepúsculo,
onde o trigo amadurece
ao esplendor da Sua Face.

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