He was a poet, sure a lover too...
Keats,
“I Stood Tiptoe”
O que eu sou, quero
dizer a mim mesmo
para que venha a sabê-lo pouco a pouco.
para que venha a sabê-lo pouco a pouco.
Sejam minhas palavras
não um canto
impossível agora mas retrato
que socorra e console enquanto espero
e receba o que não posso mais conter.
impossível agora mas retrato
que socorra e console enquanto espero
e receba o que não posso mais conter.
Pudesse eu
celebrá-las, as rosas e as estrelas
cantar a noite o silêncio a morte a música...
porém, porque não amo, o mundo me repele
e vivo aprisionado atrás das pálpebras
à espera condenado, à angústia, ao sono, ao tédio.
cantar a noite o silêncio a morte a música...
porém, porque não amo, o mundo me repele
e vivo aprisionado atrás das pálpebras
à espera condenado, à angústia, ao sono, ao tédio.
Talvez a infância,
que é minha... mas nem isso,
que toda coisa ou ser, até lembrança
só se deixa cantar quando se sabe amada. Se não amo,
só me resta esperar, navegando em meu sangue.
que toda coisa ou ser, até lembrança
só se deixa cantar quando se sabe amada. Se não amo,
só me resta esperar, navegando em meu sangue.
Agora, não vos direi
paisagens, porém sonhos
jamais saudades, mas
desejo e esperança
e da beleza só
pressentimento. E falarei da amada
hoje miragem, mas
amanhã visita
que trará tudo e
encontrará somente
amor e enfim um canto — de
alegria.
[1949]
In O HOMEM E SUA HORA E OUTROS POEMAS, São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, p. 199.
In O HOMEM E SUA HORA E OUTROS POEMAS, São Paulo: Companhia de Bolso, 2009, p. 199.
Françoise Nielly |
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