Lancei no abismo o osso da misericórdia; não é
necessário quando a dor faz parte da serenidade, mas a lucidez trabalha em mim como um álcool enlouquecido.
Sei que as unhas crescem na morte. Ninguém
desce ao coração. Despojamo-nos de nós mesmos
ao
expulsar a falsidade, desolamo-nos e
ninguém vem. Não
há sombras nem agonia. Bem:
não haja mais que luz. Assim é
a última embriaguez: partes iguais
de vertigem e esquecimento.
[In Oração Fria, Antologia. Sel., trad., introd. e posf. de João Moita, Lisboa, Assírio & Alvim, 2013, p. 221].
Ben Nicholson |
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