OS TEUS OLHOS
Que estejam vivos em algum lugar
Os teus olhos -
Os teus olhos -
Não importa onde se demorem,
Que coisas afaguem, que outras molestem,
Importa que estejam vivos e curiosos
Esses olhos
Importa que estejam vivos e curiosos
Esses olhos
E olhem para dentro alguma vez
E o que vejam
E o que vejam
Seja alguma força de sequoia
Presa à terra desde o império
De outros tempos
Presa à terra desde o império
De outros tempos
E seja ainda uma fonte de pedra,
Sejam águas correntes e o privilégio
De uma calma repleta
(O regozijo da sombra
Passado o terror das guerras)
De uma calma repleta
(O regozijo da sombra
Passado o terror das guerras)
Que dessa multidão, desse rubor de sumo
E segredo de floresta
Se encham os teus olhos,
E segredo de floresta
Se encham os teus olhos,
E só então se esfumem, e só então se fechem.
[In O AMOR E DEPOIS, São Paulo, Iluminuras, 2012, p. 43]
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