Vinde vós das cidades para o campo
onde existe a aventura da malária.
Foi em agosto, o lago respirando
que ouvi no sangue a mais formosa ária.
E vi mais um ginete galopando
num ocaso de sangue iluminado;
era o tempo mais ouro das queimadas,
e as geórgicas se enchiam de piratas.
Deram-nos tudo: frêmitos e prata
e certo afã de lírios encarnados.
Que madura estação provisionada!
Que lagunas noturnas sobre as frontes!
Que mãos frias errando no ar parado!
Que sibilos de medos e de fontes!
[In Invenção de Orfeu, São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 88]
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