Se eu me conhecesse plenamente, meu bom Deus, se conseguisse descobrir em mim própria todos os traços pedantes e egocêntricos, falhos de sinceridade, o que seria eu, afinal? Mas que faria eu em relação a estes sentimentos que ora são medo, ora alegria, que se encontram demasiado fundo para que o meu entendimento os alcance? Tenho medo das mãos insidiosas, oh, Senhor, que buscam às apalpadelas nas trevas da minha alma. Por favor, sê a minha sentinela contra elas. Por favor, sê a barreira no alto do desfiladeiro. Será que conservo a minha fé somente por preguiça, meu bom Deus? Esta, porém, é uma ideia que agradaria a alguém racional até à medula.
[In Um Diário de Preces, prefácio de Pedro Mexia, tradução Paulo Faria, Lisboa: Relógio D´Água, 2014, p. 21].
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