Assusta-me essa inóspita brancura
Assusta-me essa inóspita brancura
com que o mudo papel me desafia.
Assustam-me as palavras, a grafia
dos signos entre os quais ruge e fulgura,
como um rio que escava a pedra dura,
a expressão de quem busca, em agonia,
o sentido da fáustica e sombria
angústia de que o ser jamais se cura.
Assombram-me as medusas da loucura,
as pancadas no crânio, a garra fria
que a morte deita em nós qual uma harpia
sedenta, odiosa, hedionda, infausta, escura.
Assusta-me a algidez da terra nua
que é a nossa única herança: a minha e a tua.
[Ivan Junqueira. Poemas Reunidos, Record:São Paulo, 1999, p. 241]
sábado, 7 de abril de 2012
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