Perdi a capacidade de assombro mas continuo perplexa:
esta cidade é minha, este espaço que nunca se retrai,
mas onde o ardor da antiga chama, que me movia no mínimo gesto?
Esperei tanto, no entanto, esvaem-se na relva, ao sol, no vento,
os sonhos desorbitados,
parte da minha natureza
sempre em luta com o fado.
Perdi também no contato com o mundo,
pérola radiosa, vão pecúlio, uma certa inocência;
ficou a nostalgia de uma antiga união com o que existe,
triste alfaia.
[Marly de Oliveira, Aliança, Rio de Janeiro:Nova Fronteira, 1978, p. 17].
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