IGNORO SE TU ÉS CAPAZ DE VOLTAR
Ignoro se tu és capaz de voltar.
Quero a novidade de tua ausência
Com uma paixão sem calor que mais aumenta
Quando tento vencer a realidade.
Sou a paz em que acredito inutilmente
E ainda sou a vertigem desta paz.
O desejo de que tu compareças
Não dura em mim do mesmo modo que tua imagem,
Que tua forma irresponsável de mover-se,
E se despir e descansar no meu passado.
Tu permaneces aqui sem corpo
E, pensando no oculto, eu abondono a existência
Para me deitar no lago das carpas.
Teria sido o final de um verão
E não o tempo em que te foste
Se em vez de amando eu estivesse louco.
Tu vives no propósito de minhas ficções:
Uma terra deserta, estável e mansa.
Nesta hora em que despareces do meu sonho,
Também eu, predador da tua alma, vou com os mortos.
Do livro Passagens, São Paulo: Iluminuras, 2003, p. 67
sábado, 21 de julho de 2012
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