quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Carlos Pintado

QUARTO EM ARLES
Nada mais tocante:  a cadeira
deixada inconclusa pelo pintor
talvez imaginando o difuso
enredo da luz, o pesadelo
de viver sem uma orelha.
Nada perturba o quadro; a agonia,
nós a sentimos;  a agonia
nele não existe. A cadeira perplexa
prossegue a seu tempo inabalável  e só.
Pouco importa o cachimbo que parece
indiferente à fumaça impedida
de saltar  do desenho. Triste e só
ficará para sempre na pintura,
a cadeira que outra sorte não tem. 

Tradução livre do espanhol: Antonio Damásio Rêgo Filho e Alejandro Carvajal 

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