BAILARINOS MANCOS
É quando poemo o pó de outrora
que morto fico sessenta vezes
e sobretudo quando penso no sol e seus insones
salvo, com tiros de trabuco para o chão,
no mínimo o som dos telefones.
É quando os camaradas tropeçam nos jornais
e machados retinem nos quintais do ouvido
que na floresta dos sexos nascem mais maridos.
Então fundo na mulher o que pulsa nas pedras:
no mínimo o compromisso de durar.
Mas durar é tomar o pulso do medo
quando a coragem consente.
Mora em mim, portanto, um batalhão de sustos convenientes.
Mora em nós, você e eu, uma procissão de bailarinos mancos
que deixam rastros no peito da noite, no mínimo
diariamente.
Publicado no "Minas Gerais" (Suplemento Literário), n. 942, 20 de outubro de
1984.
Fonte: Acervo digital da Faculdade de Letras da UFMG
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
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