Um golpe da aurora nas flores
me abandona ébria de nada e de luz lilás
ébria de imobilidade e de certeza
***
Te distancias dos nomes
que fiam o silêncio das coisas
***
Aqui vivemos com uma mão na garganta. Que nada é possível, isso já o sabiam os que inventavam chuvas e teciam palavras com o tormento da ausência. Por isso em suas orações havia um som de mãos enamoradas da névoa.
Para André Pieyre de Mandiargues
***
no inverno fabuloso
a endecha das asas na chuva
na memória da água dedos de névoa
***
É um cerrar os olhos e jurar não abri-los. Enquanto isso, do lado de fora, se alimentem de relógios e de flores nascidas da astúcia. Mas com os olhos fechados e um sofrimento imenso pressionamos os espelhos até que as palavras esquecidas soem magicamente.
***
alguma vez
alguma vez tal vez
irei sem ficar
irei como quem vai
Para Ester Singer
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Vida, minha vida, cai, dói, minha vida, enlaça-te de fogo, de silêncio ingênuo, de pedras verdes na casa da noite, cai e dói, minha vida.
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Para além de qualquer zona proibida
há um espelho para nossa triste transparência
In Árbol de Diana (1962)
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