é uma ação que brota de um isolamento afetivo,
mas de um isolamento comunicável,
em que, necessariamente, pelo distanciamento de toda coisa
concreta possibilita-se uma descoberta
de relações entre elas. O escritor sai de sua solidão
a comunicar o segredo. Logo já não é o segredo
mesmo por ele conhecido que completa,
posto que necessita comunicá-lo.
Será esta a comunicação?
Se é ela, o ato de escrever é só um meio,
e o escrito, o instrumento forjado.
Mas caracteriza o instrumento o que se forja
em vista de algo, e este algo é o que
lhe empresta sua nobreza e esplendor.
AMO MEU EXÍLIO
Renunciei a meu exílio e estou feliz e contente, mas isso não me leva a esquecê-lo. Seria como negar uma parte de nossa história e de minha história. Quarenta anos de exílio não podem me devolver ninguém, o que torna mais bonito a ausência de rancor. Meu exílio está plenamente aceito, mas eu, ao mesmo tempo, não peço nem desejo que nenhum jovem o entenda, porque para entendê-lo seria necessário padecê-lo e eu não posso querer que ninguém seja crucificado.
A TUMBA DE ANTÍGONA
Sombra de minha vida, minha sombra. Sou uma mocinha, nada mais que isso. E o fui mesmo? Fui algum dia somente isso, uma mocinha? Por que vejo essa sombra? É a minha? Há novamente luz aqui? Não, não é de hoje, não posso ser a sombra dessa mocinha, rápida, alta, perfumada. Nunca o fui. E agora há outra sombra. És tu, meu irmão, que finalmente foste recebido pela terra e vens buscar-me? Traze-me água, os aromas, me darás tua mão para levar-me ao outro lado?
Sobre María Zambrano
AMO MEU EXÍLIO
Renunciei a meu exílio e estou feliz e contente, mas isso não me leva a esquecê-lo. Seria como negar uma parte de nossa história e de minha história. Quarenta anos de exílio não podem me devolver ninguém, o que torna mais bonito a ausência de rancor. Meu exílio está plenamente aceito, mas eu, ao mesmo tempo, não peço nem desejo que nenhum jovem o entenda, porque para entendê-lo seria necessário padecê-lo e eu não posso querer que ninguém seja crucificado.
A TUMBA DE ANTÍGONA
Sombra de minha vida, minha sombra. Sou uma mocinha, nada mais que isso. E o fui mesmo? Fui algum dia somente isso, uma mocinha? Por que vejo essa sombra? É a minha? Há novamente luz aqui? Não, não é de hoje, não posso ser a sombra dessa mocinha, rápida, alta, perfumada. Nunca o fui. E agora há outra sombra. És tu, meu irmão, que finalmente foste recebido pela terra e vens buscar-me? Traze-me água, os aromas, me darás tua mão para levar-me ao outro lado?
Sobre María Zambrano
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