Dura efígie que interfere
em seu mais ínfimo gesto
artifício negador
suprimindo amenidades
armazenadas em azul
cor de flor primaveril.
Artifício volantim
equivocando emoções
(eis a troca sub-reptícia!).
Onde era lume, o fastio
resignado dos legumes
disciplinados em horta.
Sol, que não era, mas um
florim esculpido em blau
irradiando cordura
para as gentes sem paixão
é planeta moderado
a medir luz, donativo.
Fino cicio da grama
sugerindo proporções
de amar que se harmonizassem
ao segredo da paisagem
é verde epitáfio, e talha
sob placidez nossa face
devaneio choro talhe.
Violinha sonantinho
para nosso pé dançar
é pífaro intermitente
convidando a meditar.
Minuto que atrairia
o poema, a flor arisca,
se estilhaça no tinteiro
atrasa a memória pouca:
é fascículo incompleto
o livro que esmeraríamos
limitados,
pobres, tensos,
desmedidamente
avaros
fixos em
lenta dolência
de navio
sob pilhagem
a tentar
fugas na brisa
mas
contido no pesado
calado de
sua rota
cor,
velame, referência.
É
partícula de tédio
e
desencontro, letreiro
de nítidos
argumentos
carreando
senso ao denso
panejamento
de amar.
É trave, é
pílula grave
que
assimilamos, desgosto
mudo,
severo, pausado
a afiar no
coração
seu dente
de interferência
madureza e
abstenção.
[In: Poesia Lembrada, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1971, p. 56]
Siron Franco |
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