TALVEZ PENÉLOPE
Ah o amor da Grécia o branco
imaculado amor das ilhas
que
pervagam no mar violeta
numa eterna tapeçaria
a desfazer-se, a refazer-se —
espumas
peixes, sargaços, conchas, abismos,
Ulisses!
Onde viajas, encantado, retido,
ó esperado desaparecido?
Ó nunca visto, ó viajante rijo
do mar guerreiro, de ondas em riste, onde
teu rosto ignorado persiste?
Na nostálgica superfície
ecoa um nome, e o edifício
das
águas reboa, desaba
pelas angras do esquecimento.
Que sereia te seduziu
para assim me deixares, só,
na mesa
vazia, entre conchas
murmurejantes?
Ou serei eu a sereia
que se põe entre nós de permeio
e desfaço a a tua chegada
quando de longe, na
amurada
vês o meu vestido vermelho
que a brancura da praia incendeia?
Serei eu quem de ti se afasta
e que a trama das ondas desata
quando a meus pés
resvala, súplice,
a marola da tua fragata?
[In Alma & Pétalas, in Poesia Reunida 1956-2006, Rio de Janeiro, Bem-Te-Vi, 2013, pp. 418-419]
[In Alma & Pétalas, in Poesia Reunida 1956-2006, Rio de Janeiro, Bem-Te-Vi, 2013, pp. 418-419]
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