Proust
Só de ouvir a voz de Albertine entrava
em orgasmo. Se diz
que:
O olhar de voyeur tem condições de phalo
(possui o que vê).
Mas é pelo tato
Que a fonte do amor se abre.
Apalpar desabrocha o talo.
O tato é mais que o ver
E mais que o ouvir
E mais que o cheirar.
E pelo beijo que o amor se edifica.
É no calor da boca
Que o alarme da carne grita.
E se abre docemente
Como um pêssego de Deus.
Manoel de Barros, Poemas Ruprestes, In Poesia Completa, São Paulo: Leya, 2010, p. 315
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