sexta-feira, 31 de maio de 2013

Manoel de Barros

PÊSSEGO 
Proust
Só de ouvir a voz de Albertine entrava 
em orgasmo. Se diz que:
O olhar de voyeur tem condições de phalo 
(possui o que vê).
Mas é pelo tato 
Que a fonte do amor se abre.
Apalpar desabrocha o talo.
O tato é mais que o ver 
E mais que o ouvir
E mais que o cheirar.       
E pelo beijo que o amor se edifica.
É no calor da boca 
Que o alarme da carne grita.
E se abre docemente 
Como um pêssego de Deus.

Manoel de Barros, Poemas Ruprestes, In  Poesia Completa, São Paulo: Leya, 2010, p. 315

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