SE MINHAS MÃOS PUDESSEM DESFOLHAR
10 DE NOVEMBRO DE 1919
(Granada)
Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os
astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.
Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a
mansa chuva.
Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranquila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!
Livro de Poemas (1921), In Obra Poética Completa, Martins Fontes, São Paulo, 1996, trad. Willian Angel de Mello, p. 47
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