CARTA ABERTA A EMILY DICKINSON
Cinco rosinhas pediram
a Deus, que chegasse perto,
a Deus,
que testemunhasse.
Chama e espinho estavam dentro
e em torno das cinco rosas,
chama inquieta, voz de espinho.
Do mar um pingo
colhe de sal;
daquela estrela,
algo de
névoa;
o ai de prata
de um coração.
Larga, abandona
ao móbil azul
da sombra mais rara.
Larga, abandona
à calma dos gongos,
à força dos gongos.
Divide com as chamas,
teu espinho elege,
para que Deus
chegue perto,
para que Deus testemunhe.
In Carlos Drummond de Andrade - Poesia Traduzida, São Paulo: Cosac Naify, 2011, p. 347
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