VELÁZQUEZ
Andaluz e castelhano,
Resume a tensão espanhola.
Entre precisão e força
Ordena sua paleta.
Eis a
pintura.
Eis a matéria do homem a duas dimensões.
Pintando, Velázquez
orienta
A rígida consciência de Espanha:
Orgullo castelhano de estrutura,
Ligado à
língua e ao solo.
Velázquez sabe: pintar é elucidar o espaço
Aberto ou restrito
Pela marcha do pincel consciente.
Velázquez sabe: a cor delimita a forma.
Situando a
cor, seu pincel a define:
Suprime a fluidez, a suavidade,
Qualquer elemento opaco ou impreciso.
Suporte da verdade plástica
É o próprio grupo dos nobres:
Entre o
rei e o niño de Vallecas
A continuidade da matéria enxuta.
A marcha do pincel voluntário
Constrói o homem na grandeza circunscrita:
Sua dimensão é a cor, a forma definida.
Eis o que
o distingue dos outros:
Seu DUENDE não é visível
Como o de Goya, de El Greco.
Entre o minucioso «fantástico» de Flandres
E o gosto
superlativo italiano
A linha castigada e enxuta de Velázquez
Demarca os precisos limites
Onde Espanha se reconhece autônoma.
In Tempo Espanhol, Poesia Completa e Prosa, Ed. Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1994, pp. 599-600
Autorretrato, 1640. Real Academia de Bellas Artes de San Carlos de Valencia - Valência, Espanha. |
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