terça-feira, 30 de julho de 2013

Astrid Cabral

CREPÚSCULO
Por que esta ânsia de sobreviver 

assim se amoita no âmago de mim 

sempre que as lerdas pálpebras da noite 

baixam nas altas ramas com os morcegos? 

Por que o poente assim me abala o eixo 

e de fúnebre pompa alma me embrulha 

tal qual mortalha um pouco prematura? 

Por que me pesa suportar as trevas 

que o implacável fim do dia instaura 

quando já estagiei em precipícios 

saltando trampolins perto de abismos? 

Por que morrer me assusta e paralisa 

se o que temo perder, de longe sei 

nada tem de eldorado ou paraíso?

Cézanne

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