sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Miguel Torga

Coimbra, 6 de Julho de 1963. 
Poesia
Não te quero trair 
Com palavras cansadas.
Abstracta presença
No seio da concreta natureza,
Voz de pureza
No silêncio imundo,
Luz que nas madrugadas 
Anuncias mais luz,
Rigor da imprecisão,
Nenhum verso traduz 
Sequer
A doce melodia do teu nome.

Por isso, quando todos os sentidos 
Te desejam visível, figurada,
Rasgo dentro de mim o véu 
De não sei que lonjura,
E fico a namorar a curvatura 
Da linha desenhada 
Pelo gume do céu 
A cortar a planura 
Imaginada...

In Diário IX, In Poesia Completa, Vol. II, Lisboa, Dom Quixote, 2007, p. 239

konstantin Kornakov



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