domingo, 17 de novembro de 2013

Anna Swir

Eu lavo a camisa
Pela última vez lavo a camisa
do meu pai morto.
A camisa cheira a suor. Lembro
desse suor de minha infância,
por tantos anos
lavei suas camisas e roupas de baixo,
sequei-as
junto ao fogão à lenha na garagem,
ele que as vestia sem passar.
Entre todos os corpos do mundo,
animais, humanos,
apenas um exsudava aquele suor.
Inalei-o
pela última vez. Ao lavar esta camisa
destruí-o
para sempre.
Agora
de meu pai restam apenas os quadros
que cheiram a óleo.

Tradução: Pedro Gonzaga

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