Existe juro um girassol em rio de onor
mais importante por exemplo para mim que seja lá quem for
Eu vi hoje na andaluzia o girassol de rio de onor
à beira de uma estrada pouco antes de chegar a fernan nunez
(Amigos que passais em direcção a córdova ou aos cobres de lucena
dai-me notícias desse girassol menos brilhante sol
mas bem mais acessível pelo menos para nós que não temos raízes
mas pomos o que temos sobre a terra)
Reconheci-o logo embora há muitos anos o não visse além de o conhecer sabia ser ele natural de rio de onor e lá habitualmente residente
E ele raios o partam disse idênticas as pétalas igual a cor
é ele ó céus é ele sem tirar nem pôr
o meu amigo girassol de rio de onor
(é fácil ter na flor um verdadeiro amigo
se o não sabíeis antes desde agora que o sabeis)
Era o mesmo era ele sem tirar nem pôr o girassol de rio de onor há tantos anos visto Mas nós os que lá fomos e por lá passámos nós é que já não somos quem lá fomos
e muito menos nós que somos vivos menos os mesmos somos que tu o meu amigo com as tuas duas pernas pendentes lá da ponte sobre o rio pequena ponte e diminuto rio a dois passos dos olhos tão redondos que solares dessas duas ou três quatro no máximo crianças (meu deus essas crianças onde é hoje o seu país?)
Viajo pela espanha mas é este julgo juro o girassol pois embora não esteja em portugal
não há ainda julgo plantas nacionais
e além disso aquela
terra é meio espanhola
Mas nós que assim passamos pelos campos pelos dias
nós que não temos nem nunca tivemos
coisa pequena como uns palmos de país
pomos tudo o que somos nestes seres que passamo
e nos fixamos só em certas fotografias que tiramos
Era aquele julgo juro o girassol de há anos
mas nós que como sombras por aqui passamos
porventura seremos os que éramos há anos?
Qual é ao certo o nosso verdadeiro país?
Lanço a pergunta aos verdes campos outonais da andaluzia
mas esta paisagem que tanto me diz
quem sou isso é que ela nem ninguém mo diz.
Mas nós que assim passamos pelos campos pelos dias
nós que não temos nem nunca tivemos
coisa pequena como uns palmos de país
pomos tudo o que somos nestes seres que passamo
e nos fixamos só em certas fotografias que tiramos
Era aquele julgo juro o girassol de há anos
mas nós que como sombras por aqui passamos
porventura seremos os que éramos há anos?
Qual é ao certo o nosso verdadeiro país?
Lanço a pergunta aos verdes campos outonais da andaluzia
mas esta paisagem que tanto me diz
quem sou isso é que ela nem ninguém mo diz.
(TRANSPORTE NO TEMPO)
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