O TEAR DA MANHÃ
Os três únicos fios
dessa corda que teço,
são sentenças na boca
que me morde por dentro;
são três tripas de corda
de um sisal que não meço,
mas que aos poucos me engolem
como o dia o seu estro;
essas linhas que cruzo,
que manejo, que intento,
são da cesta os arreios
a frear o seu peso;
não conheço o traçado
de seu curso, o desenho,
sei que os fios são gritos
da mudez, do incêndio;
essa corda que arrasta
por meu corpo o seu beijo,
risca o chão, cada tábua
duma escada que desço,
que componho e desfaço,
que equilibro e é penso,
e ao ser chão é patíbulo
dessa boca que invento.
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