O ESPELHO CURVO
Olha-os lá, naquela encruzilhada;
Parecem hesitar depois retomam
A estrada. À frente deles o menino corre,
A braçadas colheram para os poucos vasos
Pelo campo essas flores que nem nome têm.
E o anjo está lá em cima, a observá-los
E envolto pelo vento de suas cores.
Tem um dos braços nu no pano rubro,
Parece que segura um espelho, e que a terra
Se reflete na água dessa outra margem.
E que designa agora, com o dedo
Que aponta nessa imagem um lugar?
Será outra casa ou será outro mundo,
Será mesmo uma porta, em meio à luz
Aqui mesclada às coisas e aos signos?
[In Yves Bonnefoy, Obra Poética, Tradução e org. Mário Laranjeira, São Paulo, Iluminuras, 1998, 235-237]
terça-feira, 22 de abril de 2014
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