quinta-feira, 1 de maio de 2014

Maria do Sameiro Barroso

CANÇÃO DAS CEREJEIRAS EM MAIO
Antigamente, as luas rodavam de outra forma,
as
pombas traziam-me a luz, o seu hálito,
por entre plátanos, madressilva e taças cheias
de cerejas, música.

Era quando os rios desaguavam em Maio,
anunciando
os dióspiros, os touros aquáticos, os touros do sol.
No mar, também as velas me festejavam
na sombra, na luz.
No Oriente as cerejeiras confluíam, em seu lume
claro, deslumbrante,
as suas flores caindo de uma só vez.

Nas cordas do ser, os harpejos fluíam e o céu
desprendia-se, de uma só vez,
na finitude amena


dos seus ramos de esplendor.

[In Poemas da Noite incompleta, Ed. Escrituras: São Paulo, 2010, p. 197]. 

Foto: Mauj Alexandre


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