O ESPÍRITO ZOMBA DE CONSTANTINOPLA
Às vezes desço até
às cúpulas lisas — assento de tempestades —
para auscultar o que fazem os carregadores de corpos
fico sentado e a canção deles desliza
por meus joelhos feito formigas
e as vozes ásperas da cartilagem
das praças clamam clemência
do sutil ouvido do mundo.
Desafortunado egoísmo
de seres comprimidos em cachos de carne
o que fazer deles
Dizer-lhes francamente
que nada mais se espera deles,
ou deixar-lhes no lado de cá do jardim do firmamento
a fé nos frutos do sofrimento...
Chamam-me novamente no coro,
vou-me apressado,
as canções erguem-se como poeira debaixo dos passos,
defendo-me do som das palavras com açoite,
silêncio! digo-lhes, enquanto as cúpulas ondulam
feito esguias flores, e o bater dos sinos
toma-se símbolo elevado para mim.
E verto-lhes noite sobre torres e cabeças.
As vezes desço até
os arrebaldes empobrecidos do cosmos
e mal sei por onde começar
[In Miodrag Pávlovitch, Poetas do Mundo, Bosque da Maldição, Tradução Aleksandar Jovanovic, Brasília: Editora UNB, 2003, p. 50-53].
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