A Haquira Osakabe
O fósforo das estrelas acende rápido a noite.
Quente é o aroma do jasmim
convocando o cio.
Há gemidos no canavial
tal qual corpos que se estorcem
arrepiados da lâmina das palhas —
veludo áspero de taturanas.
Em outro lugar do mundo
(no mesmo silêncio noturno)
a toada do mar reza seu salmo.
Crisântemos se despenteiam
girassóis sem norte perseguem a lua
lírios brotam (em sigilo) da neblina.
Fosse dia,
malhava o seu ferro na atmosfera
a araponga,
preparava rendilhada mantilha a hera.
Cada qual
(a seu modo)
todos burlamos o desconforme da morte.
[In Alumbramentos, São Paulo, Iluminuras, 2011, p. 35].
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