Viver, entretanto, é ver, ir vendo
e também ver inclui dormir
sem que nada se desfaça ou exclua
no interior dos sonhos.
Pensemos no comércio de viver:
passagem dos navios
quando, a passar, se retém a espessa
água do tempo, da tempestade.
Um comércio, apenas — desvio da moeda
da trajectória do ouro
para o papel.
Sempre viver incluiu andar percorrer voar
de avião ou com os braços ou num ser de mais
rodas que nos conduza
a outro sentido ambulatório.
[In Poesia (1960-1989), 2a. edição, Lisboa, Assírio & Alvim, 2001, p. 179]
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