terça-feira, 21 de outubro de 2014

Ezra Pound

SOMBRA
Desceu a escuridão sobre a terra
E não há estrelas
O sol do zénite ao nadir caiu
E o ar pesado sufoca-me.
As horas vão rápidas
Mas os minutos são de chumbo fundido, pesado e ardente
Vi-a ontem.
Repara, não há tempo
Cada segundo é a eternidade.
Paz! não me perturbes mais.
Sim, conheço os lagos claros dos teus olhos
Guardando o sol de Verão no seu fundo
Mas não me perturbes
Vi-A ontem.
Paz! o teu cabelo é fabulosa filigrana
Mas não me perturbes
Vi-a ontem à noite.
A escuridão encheu o céu quando ela se foi
E o vento é pesado e indiferente
Quando virá o dia: quando será o sol
Real em generosidade
Saltando do nadir ao zénite?
Porque, repara! os seus cavalos estão cansados, não a tendo
abraçado
Desde o pôr do sol.
Oh que sensatos foram esses cavalos
Erguendo-se para a procurar!
O sol dormiu em Orcus.
Do zénite ao nadir caiu a sua glória
Caiu,  caiu a sua maravilha
Vi-a ontem
Desde então não há sol.

(Tradução  Filipe Jarro)

SOBRE Ezra Weston Loomis Pound 



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