quinta-feira, 23 de outubro de 2014

José De Arimatéia Silva

VIADUTO DO CHÁ
Dizia minha pobre mãe que o tempo muda de direção.
A infância que perdi.
A juventude que também perdi;
o velho cão asmático.
Havia um riacho cheio de peixes translúcidos;
e a grama coberta pela geada.
O automóvel azul.
Eu guardei segredos,
guardei moedas que já não tem valor.
O medo, o espasmo.
O primeiro amor que nunca veio.
Curau de milho.
Chumbo derretido sobre a placa de zinco.
As casas inacabadas;
pequenos prêmios em palitos de sorvete.
Surpresas e goiabas.
As palmeiras imperiais que indiferentes me fitam
quando cruzo o Viaduto do Chá,
no tempo em que o tempo muda de direção.

O CISNE NEGRO, O ORNITORRINCO, O RELÓGIO PARADO
O que não se apresenta de maneira habitual;
o que é incomum; o que é raro. Isso. É o insólito.

A casa azul subitamente vista na colina verdejante.
O morcego que rasante passa pelo quarto em silêncio.
O cisne negro, o ornitorrinco, o relógio parado.

No campo de flores vermelhas a cobrir a planície,
o lagarto, a ave de rapina, a cascavel que espreita um rato.

Por Carolin Vdg

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