sábado, 18 de outubro de 2014

Matilde Espinosa

UMA VOZ

Não era uma queixa
muito menos a  voz do caracol
numa praia deserta.

Nem a passagem da besta
por um penhasco  escuro.

Era o presságio que florescia
os ecos e  explosão azul
de uma brincadeira de criança.

Era uma voz sem fundo
aérea como o canto.
Se eu voltasse a escutá-la
compreenderia melhor o viés
de uma voz flagrada
na noite.

UM DIA SEM NOME
Em que momento, amor,
Escureceu tua rua
E sua casa foi o claro
Da sombra?

Uma onda de pó
Choroso e amargo
Criou-se no momento.
Desde então o tempo
Novelo silencioso
Deixa correr seus fios
Para a dura tela
Que defende  minhas luas
Secretas.

Os dias transcendem lentos
Onde só chega
O tremor da luz
No vácuo.


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