O OMBRO ENFAIXADO
Disse que bateu em um muro ou que caiu.
Mas provavelmente a razão seria outra
para o ombro ferido e enfaixado.
Por conta de um movimento um tanto brusco
em direção à estante, para descer algumas
fotos que queria ver de perto,
soltou-se a faixa e um pouco de sangue escorreu.
Novamente enfaixei o ombro, e demorei-me
um pouco nesta tarefa, pois não doía
e agradava-me ver o sangue. Coisa
do meu amor era aquele sangue.
Assim que saiu, encontrei sobre a cadeira em
frente
um pano das ataduras manchado de sangue,
pano que parecia dever ir direto pro lixo
e que sobre os meus lábios mantive eu,
e que beijei por longo tempo –
o sangue do meu amor nos meus lábios.
[Tradução de Fernanda Lima. In. Bliss. Editores: Lucas Matos, Clarissa Freitas e Márcio Junqueira. Rio de Janeiro: 7Letras, 2009, p. 16].
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Fernando Paixão
Os berros das ovelhas de tão articulados quebram os motivos. Um lençol de silêncio cobre a tudo e todos. Passam os homens velho...
-
ÂNGELA.- Continuei a andar pela cidade à toa. Na praça quem dá milho aos pombos são as prostitutas e os vagabundos — filhos de Deus mais do ...
-
PÃO-PAZ O Pão chega pela manhã em nossa casa. Traz um resto de madrugada. Cheiro de forno aquecido, de levedo e de lenha queimada. Traz as...
-
ODE DESCONTÍNUA E REMOTA PARA FLAUTA E OBOÉ. DE ARIANA PARA DIONÍSIO. I É bom que seja assim, Dionísio , que não venhas. Voz e vento ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário