CELESTE
Sobre a ponte Margarita passei recentemente.
Ainda não havia anoitecido, o crepúsculo coloria o
horizonte,
Mas o sol tinha se posto por trás de um monte,
Mas o sol tinha se posto por trás de um monte,
A brisa do Danúbio trouxe um vento apressado,
E o cheiro de Buda[1] nele estava misturado.
E sei. A primavera já passou, não está presente.
Olhei as águas do Danúbio adiante,
Seu enorme e abundante corpo rolando lentamente,
A tarde envolveu-o numa capa celeste,
Celeste a gaivota que sobre as ondas voa,
Celeste o redemoinho que o outono abençoa.
Como um olho celeste, fluía abundante.
Meus olhos percorreram o monte sombreado,
Um enorme manto celeste envolvendo seu dorso,
E a cidade com um casaco celeste cobrindo seu torso,
Celeste era a luz nas janelas das casas,
De celeste estavam vestidos os jardins das acácias,
Celeste fluía e abundava por todo lado.
O céu se alegrou de leste a oeste.
Com o celeste reflexo do fundo do mar,
A noite celeste veio nos abençoar,
Um mar celeste que as alturas tomou,
Veio uma nuvem branca e no celeste mergulhou,
E foi carregada pela correnteza celeste.
[In Diários, Poesias, Cartas, Organização e Tradução do Hebraico,
Inglês e Espanhol de Frida
Milgrom, Tordesilhas, São Paulo, 2011, p. 61].
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