MARCEL E CLARICE
Para Carlos Mendes de Souza
À mesa o tempo não passa.
O lustre paralisado sonha
com a luz de outra época
que vai abrindo o leque
rápido e retrospectivo
a partir da xícara de chá
e do gosto da madeleine
mergulhada naquela infusão
da Índia ou de tília, da memória
trazendo toda a recordação até
ao licor de anis, de fruição fugidia
apoiada num instante isolado
e calmo - claro - estabelecido
no calor do álcool, na evaporação
da cor, no gole que combinava
as sensações de pertencimento
a perda, no sabor espraiado
de uma manhã à outra, ambas
vencidas, pretéritas, mas vivas
ao saírem das noites passadas.
[In Relâmpago, Revista de Poesia, Nº 34, Ed. Relógio d´Água]
SOBRE ARMANDO FREITAS FILHO
Richard Collins, A Family of Three at Tea, 1727
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