CANÇÕES À COMPANHEIRA
1
Por que, quando apareceste,
amanheceu em mim?
Quando amanhece na Terra,
e tudo se enche de beleza
e de força fecunda
e de frescor infinito,
é porque as esferas imensas
serenissimamente completaram
nos abismos sem fundo
um passo mais da sua dança eterna.
Por que, porém, quando apareceste,
amanheceu em mim?
2
Eis o que sou neste instante, Amiga:
uma sombra no chão.
Não uma sombra de árvore
sobre o caminho longo,
no qual ainda ressoam passos de passantes.
Não uma sombra leve
de barco na água mansa.
Não uma sombra fresca
de pomar ou jardim.
Mas uma sombra infinitamente perdida.
Como a de um rochedo morto,
ao luar,
sobre a areia infecunda
de alguma enorme, incomunicável Solidão.
[In Poemas, organização e seleção de Ildásio Tavares, São Paulo: Coedição da ABL e Edições GRD, 2003, pp. 130-131].
SOBRE TASSO DA SILVEIRA
domingo, 14 de dezembro de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Fernando Paixão
Os berros das ovelhas de tão articulados quebram os motivos. Um lençol de silêncio cobre a tudo e todos. Passam os homens velho...
-
ÂNGELA.- Continuei a andar pela cidade à toa. Na praça quem dá milho aos pombos são as prostitutas e os vagabundos — filhos de Deus mais do ...
-
PÃO-PAZ O Pão chega pela manhã em nossa casa. Traz um resto de madrugada. Cheiro de forno aquecido, de levedo e de lenha queimada. Traz as...
-
ODE DESCONTÍNUA E REMOTA PARA FLAUTA E OBOÉ. DE ARIANA PARA DIONÍSIO. I É bom que seja assim, Dionísio , que não venhas. Voz e vento ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário