DOBRANDO O TEMPO,
DOBRANDO UMA ESQUINA
What sorrow
beside your sadness
and what beauty
W.C. Williams
Demasiadas
coisas receberam tuas pálpebras
a atenção consumiu-te as pestanas.
Demasiados caminhos te repetiram,
apertada, perseguida.
A cidade dos séculos te devora
para ti entrevê, sonho e destruição
de luzes e chuvas, lágrimas já senis
sobre a rapariga que passa
febril, indomável, dobrando o tempo, dobrando uma esquina.
Regressa! Gritam os velhos de Nossa Senhora do Pranto,
a ronda da piscina de Siloé
com os cães, os híbridos, os espectros
que não se conhecem mas que tu sabes
enraizados contigo
na glute azul do asfalto
e crentes em tua flor que arde, branca —
porque todos vivemos de estrelas extintas.
[O Passo do Adeus, Tradução José Tolentino Mendonça, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 59].
DOBRANDO UMA ESQUINA
What sorrow
beside your sadness
and what beauty
W.C. Williams
a atenção consumiu-te as pestanas.
Demasiados caminhos te repetiram,
apertada, perseguida.
A cidade dos séculos te devora
para ti entrevê, sonho e destruição
de luzes e chuvas, lágrimas já senis
sobre a rapariga que passa
febril, indomável, dobrando o tempo, dobrando uma esquina.
Regressa! Gritam os velhos de Nossa Senhora do Pranto,
a ronda da piscina de Siloé
com os cães, os híbridos, os espectros
que não se conhecem mas que tu sabes
enraizados contigo
na glute azul do asfalto
e crentes em tua flor que arde, branca —
porque todos vivemos de estrelas extintas.
[O Passo do Adeus, Tradução José Tolentino Mendonça, Lisboa, Assírio & Alvim, 2002, p. 59].
Nenhum comentário:
Postar um comentário