Tanta terra,
tantas palavras sob tantas palavras.
Regressa como um corpo o coração
à apenas existência,
lembrança de
alguma coisa lida:
o rosto da mãe, a trepadeira do jardim.
Mãe, afastei-me de mais, perdi-me
no meio de palavras minhas e palavras alheias,
quem, se eu gritar, me ouvirá entre as legiões dos anjos?
E nem isto me pertence,
a tua ausência e o meu medo;
nem estou na minha ausência,
fui como um vaso e quebrei-me ou qualquer coisa assim.
[In Nenhuma palavra e nenhuma lembrança, In Todas as Palavras Poesia reunida, 3a. ed, Porto, Assírio & Alvim, 2013, p. 235].
Nenhum comentário:
Postar um comentário