DOR
Eu quisera nesta divina tarde de outubro
passear pela orla distante do mar.
Que a areia dourada, e as águas verdes,
E o puro céu me vissem passar.
Ser alta, soberba, perfeita, eu quisera
Como uma romana, para combinar
Com as grandes ondas, e as rochas mortas
E as extensas praias que circundam o mar.
Com passo lento, e olhos frios
E a boca muda, deixar-me levar;
Ver como se quebram as ondas azuis
Contra os granitos e não piscar,
Ver como aves de rapina comem
Pequenos peixes e não acordar;
Pensar que as frágeis embarcações
Afundassem na água sem suspirar;
Ver que se adianta a garganta do ar,
O homem mais belo não querer amar;
Perder o olhar distraidamente,
Perdê-lo, para nunca mais o encontrar.
E, ereta figura, entre o céu e a praia,
Sentir o esquecimento perene do mar.
SOBRE ALFONSINA STORNI
quinta-feira, 4 de junho de 2015
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