PARA OS SALGUEIROS JUNTO AO RIO
Vultos em jade às margens devolutas
à névoa assombram pavilhões distantes
Reflexos deitam-se no rio do outono
e flores descem sobre os pescadores
Peixes ocultam-se às raízes densas
enlaçam os ramos barcos visitantes
Respiração da noite, a chuva e o vento
ecoam tristes sonhos revolutos
PARA FEIGINQ
Grilos cricrilam nos degraus de pedra
Orvalho novo recobre os arbustos
Bem perto à luz do luar soa música
Montanhas: sombras, do terraço, ao longe
Vem brisa fresca deitar-se na esteira
Jade frio corta entre as notas à cítara
Preguiça tens de escrever, Mestre Ji!
Nenhum consolo terei neste outono
VENDENDO PEÔNIAS MURCHAS
O rosto ao vento, a suspirar, pétalas caem
e vai-se outra primavera em seus odores
Hoje ninguém as quer corqprar, dizem-nas caras
Intenso, afasta as borboletas, seu aroma
Pétalas rubras, só crescessem em palácios
Folhas de jade, vão tingir-se ao pó da estrada?
Antes se transplantarem a imperiais vergéis
e as colheriam belos jovens em cortejo
CARTA A LI ZI' AN, OLHANDO A DISTÂNCIA DESDE JIUNLING
Folhas de bordo, milhares, ramo após ramo
no rio, às pontes. Poente, e os barcos não chegam.
Flui dia e noite, Senhor, o rio: meu desejo
oeste a leste não para, nem um descanso.
O QUARTO SOLITÁRIO
Choro, recolhe-se o sol: só ervas nas mãos1
Ouço: à casa vizinha o marido retorna
Dias atrás os cisnes perderam-se ao norte
Hoje nos chegam os gansos, estes viajantes
Vem primavera, antes outono e somente
resta a saudade, não há notícia, nem carta
Melhor cerrar a porta, por que se ocupar
bater as roupas, juntá-las? Há mais ninguém
INÍCIO DE OUTONO
Brilham os novos botões de crisântemo
Ao poente a névoa oculta as montanhas
No verde às árvores um vento frio
nas cordas ressoa uma canção límpida
Mulheres: a espera junto ao tear
Aos homens, a marcha além da Muralha
As aves no céu; aos peixes, o rio
Ficam as cartas a meio caminho
PARA GUO XIANG
Manhã à noite, beber e cantar
Esta saudade vem com a primavera
À chuva foi-se o mensageiro, a carta
Junto à janela ficou sofrimento
Veem-se entre as contas da cortina os montes
Dores recordam-se ao odor da grama
E àquela festa finda, à despedida,
quanta poeira desabou dos caibros
SOBRE YU XUANJI
[In Poesia Completa de Yu Xuanji, tradução, organização, apresentação e notas Ricardo Primo Portugal e Tan Xiao, Unesp, São Paulo, 2011, pp. 31-45]
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
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