CONSTATAÇÃO
Agora
posso calar-me, meu amigo,
para sempre,
agora, meu irmão,
posso entregar-te as palavras que me
assaltam como um exército de
armas negras,
de aço temperado nas oficinas de um
país demente,
agora
posso baixar a voz e falar-te em surdina
dos rios de prata que vi correrem
pelo mundo,
agora
posso deixar à tua porta os punhais de
Deus e o cordeiro do sacrifício,
agora posso morrer de vez
e chamar-te do outro lado dos alpendres.
posso calar-me, meu amigo,
para sempre,
agora, meu irmão,
posso entregar-te as palavras que me
assaltam como um exército de
armas negras,
de aço temperado nas oficinas de um
país demente,
agora
posso baixar a voz e falar-te em surdina
dos rios de prata que vi correrem
pelo mundo,
agora
posso deixar à tua porta os punhais de
Deus e o cordeiro do sacrifício,
agora posso morrer de vez
e chamar-te do outro lado dos alpendres.
(In Epílogo [poesia reunida], Lisboa, Assírio & Alvim, 2019)
Nenhum comentário:
Postar um comentário