A GAIOLA
Lá fora há sol
Nada mais que um sol mas os homens o olham e depois cantam.
Não sei do sol
Sei apenas a melodia do anjo e o sermão quente
do último vento.
Sei gritar até a aurora quando a morte pousa nua sobre minha sombra.
Choro debaixo de meu nome. Aceno lenços na noite
e navios sedentos de realidade dançam comigo.
Oculto pregos
para escarnecer meus sonhos doentios
Lá fora há sol.
Eu me visto de cinzas.
[Alejandra Pizarnik, Poesia Argentina, São Paulo, Iluminuras ,1990, p.183]
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