O TESOURO
Em pleno cristal reside o tesouro.
Orvalho cotidiano. Mãos de criança
poderiam tocá-lo.
Porém o homem buscou na distância
a névoa para os próprios olhos.
om a sombra caminhou sobre os mares,
com a noite regressou à terra.
E logo vislumbrava o tesouro
por entre as montanhas da lua.
O tesouro é desnudo. O louco
o transporta ao reino dos sonhos
onde pervagam panejamentos.
Sopram os vendavais sobre as formas
a cada instante recriadas.
E em meio à conjura de mitos
o diamante se troca
pelas jóias de embuste.
Pronto para abastecer o universo
com a delicada flor dos trigais,
a todos pertence o tesouro.
Porém em torno da arca lavra
o pânico, lavra o fogo nos campos
guardados pelas foices recurvas.
E a um passo dos rufiões o tesouro
permanece inviolado.
Demasiado ardente é o hálito humano
sobre a camélia branca.
[Henriqueta Lisboa, Obras Completas, Vol. I, Poesia Geral, Duas Cidades: São Paulo, 1985, p. 269]
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