terça-feira, 7 de agosto de 2012

Afonso Henriques Neto

PENSANDO MURILO MENDES
último espasmo da lua
e os sumaríssimos suspiros.
trigonometria água lustral anjos cubistas
relógio de fogo.
algo enlouqueceu
nos pássaros do olhar.
o bonde e o violão se espandongam
rangem no sangue
entardecer do tempo.
pensamento a soabrir a pálpebra
para fora da luz
antiuniverso da matéria
sem palavras.
orfeu hidrofeu catastrândula.
entre os mortos
e a congestão nasal
passeia um sacerdote antiquíssimo
e a sábia indiferença
do abismo oval.
tudo enlouqueceu
às vésperas do sonho.
todos os telhados se evaporaram
e a infância.
restou aquele menino magro
mirando a tristeza infinita
dos meteoros sem deus. 


Afonso Henriques de Guimaraens Neto nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 17 de junho de 1944, sendo filho de Hymirene Papi de Guimaraens e do poeta Alphonsus de Guimaraens Filho. Em 1954, mudou-se para o Rio de Janeiro, e seguiu depois para Brasília, onde se formou em Direito na primeira turma da Universidade de Brasília, em 1966. De volta ao Rio de Janeiro em 1972, participou intensamente do movimento político - cultural rotulado de poesia marginal e trabalhou na FUNARTE – Fundação Nacional de Arte – (1976 -1994). Desde 1976, é professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense. Em 1997, defendeu tese de doutorado na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Casado com a arquiteta Cêça de Guimaraens, tem dois filhos: Mariana e Francisco.

Nenhum comentário:

Fernando Paixão

  Os berros das ovelhas  de tão articulados quebram os motivos.   Um lençol de silêncio  cobre a tudo  e todos. Passam os homens velho...