À pobre mãe que em choros o velava,
«Mãe, quando é dia?» perguntava
O filhinho doente.
Engolindo o seu pranto, a mãe sorria:
«Dorme..., não tarda aí o dia!»
Até que o inocente
Adormeceu; mas, ai! tão fundo,
Que nada deste mundo
O acordava.
E em vão a mãe, já louca, o sacudia,
E alagava o gelado rostozinho
De lágrimas que enfim não lhe ocultava...
Mãe, mas porquê tal agonia?
Pois não dizias tu ao teu filhinho
Que o dia não tardava?
Não foi o teu filhinho que morreu:
Foi o dia que enfim lhe amanheceu.
[In A Chaga do Lado Sátiras e Epigramas de José Régio, Lisboa: Portugália Editora, 1954, pp. 71-72].
By Paula Rêgo |
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