Quando eu estiver pra morrer
levem-me depressa a Madrid,
avisem Juan Carlos e Sofia
e preparem o Teatro Real.
Flores vermelhas e amarelas,
tapetes pendurados nas janelas
e os reis — tão acertados, tão repousantes.
Tanto, a essa altura já será vitoriosa
a revolução
socialista...
Por que não posso morrer monárquica?
Por que não posso me enterrar antiga?
É um velho desejo, um conflito insopitado.
Levem-me para a Praça Isabel Segunda
(antes, Praça da Ópera)
e deixam que o povo venha vender castanhas no meu enterro
— Esse povo, para sempre dividido
entre a revolta e o amor ibérico às bandeiras.
Mas se alguém me quiser ainda viva
pra responder por
malfeitos
ou retribuir um beijo
bastará que ordene à banda pra atacar “La Revoltosa”.
Em dez segundos estarei de pé
com um cravo na orelha e um
touro vivo no coração.
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