POEMACESO
Não morrerei de Amor enquanto exista
todo o mar que se estende até a lua
e me devolve a mim não mais sombria
o rosto do amado. Não morrerei
nesta manhã de sol e alegoria
cheia de luz e pássaros selvagens
em direção ao sul que acesa é a vida
e avesso da morte. Não morrerei
pois sou livre e sem nome. Em pleno dia
a solidão se esvai junto à penumbra
e dissolve no tempo a sua magia.
Assim não morrerei de Amor
embora eu tenha para sempre a alma vazia.
(Sincretismo — a poesia da geração 60, org. Pedro Lyra, Rio de Janeiro: Topbooks, 1995)
DOS AFOGADOS DO RECIFE
Esta dama do mar rasgou os seios
e a febre consumiu a seiva e a lágrima
Imerso em maresia o rosto líquido
buscou dentro da noite os afogados
À textura da pele luminosa
barqueiros ribeirinhos naufragavam
Seus úmidos interiores cheiram a musgo
baronesas e aquáticos nenúfares
Esta dama do mar ardeu-se à sombra
da nossa fome e ausência de Paixão
Adormecida à luz da lua sonha
que nascem dos seus flancos pontes cálidas
sobre os rios acesos do verão quando ela sensual retorna às águas
(Ibidem)
Poemas publicados na coletânea "Roteiro da Poesia Brasileira, anos 70", seleção e prefácio de Afonso Henriques Neto, Ed. Global, São Paulo, 2009, pp. 153-154
Sobre Terêza Tenório
terça-feira, 21 de agosto de 2012
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